Depois do hype, a operacionalização: as reflexões para o pós-NRF

Após dias de debates focados em inteligência artificial, empresas precisam olhar menos para as ferramentas em si e mais para as melhores formas de transformar as novidades em resultados
A NRF 2025 chegou ao fim. Foram três dias intensos que, como um todo, giraram em torno de um tema hegemônico: a inteligência artificial. Vale lembrar que, em 2024, a feira já havia dado bastante atenção a este tema. Mas, este ano, o teor, a qualidade e a intensidade das discussões puderam dar um passo além dos debates anteriores.
Um dos principais avanços é o fato de que, em 2025, a feira e os painéis tentaram aterrissar e tangibilizar as novidades tecnológicas. Mesmo que nem tantos casos consolidados de uso dessas inovações tenham sido apresentados, foi possível constatar que há um grande número de empresas e startups se dedicando quase exclusivamente à criação de soluções práticas usando IA. Ou seja, o caminho está traçado para que venham as aplicações dessas ferramentas – parece ser só uma questão de tempo até que elas se tornem viáveis financeiramente e em termos de escala.
Para quem participou da NRF, a viagem de volta para casa marca o início daquele que deveria ser um momento de reflexão profunda. O evento foi inspirador, mas é hora de pensar em como aproveitar todas as novidades sem esquecer que, no fim das contas, o que as pessoas (e os negócios) querem é gerar valor. É preciso olhar “para dentro de casa” e entender, de fato, quais as oportunidades para sair do superhype de IA e aplicar essas novidades de forma a melhorar o seu negócio e a experiência do cliente. Quais ferramentas têm maior potencial de aumentar a minha receita, melhorar minhas margens e deixar o meu cliente mais satisfeito?
Essa reflexão apareceu em uma fala de Keith Mercier, VP de retail e consumer goods da Microsoft. Ele pontuou (muito bem, aliás) que as empresas precisam definir com alguma agilidade os campos em que a IA pode alavancar o negócio. Também devem ser precisas nas escolhas e prioridades, para evitar ficarem presas no “purgatório dos pilotos”. Ou seja, sem uma compreensão sóbria dos seus gargalos e deficiências, e sem uma estratégia clara de adoção das novas ferramentas, as empresas podem ser sugadas pela empolgação em torno de IA, desperdiçando recursos em testes e mais testes de novidades que podem não ser as mais adequadas para o negócio.
Ao passo que é obviamente importante testar e adotar novas tecnologias, deve existir um processo estratégico de decisão para realmente extrairmos valor dessas ferramentas. É hora de sermos mais práticos, porque, no fim das contas, quem vai guiar toda essa tecnologia da era das máquinas serão as pessoas. Sua empresa precisa estar pronta para isso. Mas o que significa “estar pronta”?
Minha atenção se volta para dois fatores: o design organizacional e o desenvolvimento de habilidades e capacidades ligadas à IA. É preciso perguntar: temos hoje as pessoas certas para planejar e guiar essa jornada de transformação? A alta liderança da empresa está engajada e pronta para criar planejamentos estratégicos – e também orçamentos – que comportem e envolvam essas novas tecnologias, colocando os devidos incentivos nos pontos necessários? Todo esse direcionamento de mudança deve vir de cima para baixo, criando uma cultura na qual a mudança constante seja abraçada, e na qual os trabalhadores da empresa se sintam motivados e incentivados a seguir esse caminho.
Ou seja, é preciso imprimir a transformação de IA na empresa inteira. E isso passa também por treinar seus funcionários e colocar condições que favoreçam um desenvolvimento conjunto de habilidades individuais e coletivas. Nesse ponto, aliás, ainda se discute muito se a inteligência artificial vai acabar com alguns trabalhos. Na NRF, ficou claro que isso não é tão verdade – alguns postos sumirão, outros surgirão, mas quem não souber usar IA ficará para trás e correrá riscos. Se a empresa se planejar e guiar o caminho para as pessoas se desenvolverem e aprenderem, essa fórmula favorece transformar o hype em sucesso.
A principal lição que fica da NRF, portanto, é que o mundo está passando por mudanças significativas. Se você não for rápido ao abraçar essas transformações, corre risco de ficar para trás. Mas o desafio para as empresas agora é saber achar o equilíbrio entre a agilidade e a estratégia. Não adianta ser mais rápido que seu concorrente se seus próximos passos não levarem à evolução da proposta de valor e à melhora na experiência do cliente. É hora de abraçar a nova era tecnológica e, acima de tudo, ser certeiro para trazer retorno.
Artigo originalmente publicado no Meio&Mensagem
Conteúdos Relacionados
-
Postagem no blog
Inteligência artificial: por que não é exagero falar em nova Revolução Industrial Por Carlos Pereira Lopes 4 minutos de leitura -
Postagem no blog
NRF 2025: Tendências que transformam o Varejo Por Larissa Ferreira 3 minutos de leitura -
Postagem no blog
A infinita jornada de adaptação e as tendências do ano que começa Por Pedro Milanezi 3 minutos de leitura
Faz nosso coração digital bater mais rápido
Receba nosso boletim informativo com inspiração sobre as últimas tendências, projetos e muito mais.
A Monks precisa das informações de contato que você nos fornece para entrar em contato com você sobre nossos produtos e serviços. Você pode cancelar a assinatura dessas comunicações a qualquer momento. Para obter informações sobre como cancelar a assinatura, bem como sobre nossas práticas de privacidade e nosso compromisso com a proteção de sua privacidade, consulte nossa Política de Privacidade.